terça-feira, 28 de julho de 2009

Meu eu sombrio...

Minha alma arde no semblante perdido de minha vida
Catástrofe inabalável da criação,
Morte, curso agonizante, sem esperança, sombrio.

Eu, mônada circunstancial do tempo, vida e morte
Sob as dores de parto.
Eu, parasita solitário inexperiente,
Eu, que transito na variedade inconsciente de mim mesmo,
Forja perdida bruta através da vida,
Semelhança, medo, dor, efemeridade, divindade e bestidade.
Eu, frio espasmo gerado pelas contingências torturantes,
Pela furtiva futilidade humana do que sou feito.
Eu, filho do estupro, preconceituável, abandonável.
Eu, filho do câncer, aborto espontâneo.

Minha carne maltratada pelo voluntário ócio das coisas.
Minha alma fragmentada por um ato involuntário
Partido da minha fútil designação e fragilidade às coisas.
Eu, penoso veneno dispersivo, árvore morta
Decompondo-se nas ruínas de seu abandonado “eu”.
Fortaleço-me na cólera de meus inimigos,
Em mim, os sentidos se perdem e se encontram aos opostos.

Canto o lúrido desencanto que me enterneço
Para sempre na euforia acética de minha origem.
Canto o mórbido, o irascível medo.
Eu, corte exposto sob uma face de sibilino contraste.

As vidas seguem com seus corações partidos
Às excessivas formas decadentes.
Um rosto disfarçado. As dores mascaradas
Pela alma atribulada, friamente,
Adormecem e não falam nada...


Por Ewerton Thiago

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